A realidade virtual (RV) é uma aproximação tecnológica a algo intrínseco à humanidade: a imaginação e o sonho. O ser humano vive simultaneamente em duas projeções de si próprio – uma física (o corpo) e outra virtual (o pensamento). A RV designa uma representação de espaço/lugar não tangível fisicamente, mas que, virtualmente, podemos alcançar e com a qual podemos interagir. Esta tecnologia imersiva e dinâmica permite-nos percorrer e atuar fisicamente nessas realidades, tornando-se pertinente e atual no contexto arquitetónico, industrial ou da construção.
Como vem sendo utilizada a realidade virtual?
Nos últimos anos, a realidade virtual ganhou popularidade em vários mercados, desde o lazer (por exemplo, a indústria dos videojogos) até à indústria petroquímica, e isso justifica-se pela quantidade de benefícios que oferece, tanto para o profissional, quanto para o cliente/utilizador, no momento de tomar decisões.
Na 3DHR, o nosso trabalho tem vindo a desenvolver-se principalmente na área da arquitetura, imobiliária e conteúdos didáticos. E temos constatado que este poder de entendimento se torna mais imediato e positivo para o cliente, na sua decisão.
A realidade virtual na arquitetura
A comunicação de um projeto/conceito, em qualquer disciplina, é sempre algo difícil de fazer, no caminho entre o pensamento e a sua representação. A capacidade de comunicar essa ideia tem sido sempre uma das principais premissas, de forma a que quem vai comprar ou utilizar algo tenha uma percepção correta de como vai ficar no final.
Desde o desenho técnico ou artístico, passando pela maquete ou imagens/vídeos 3D, o arquiteto procura sempre a melhor forma de comunicar e validar as suas ideias, antes de chegar à fase final, que é a obra.
Desta forma, a realidade virtual permite-nos uma visualização prévia bastante precisa. Imaginemos este cenário: o cliente coloca uns óculos de RV e, imediatamente, começa a andar pela sua futura casa, sabendo como ficarão todos os pormenores e podendo interagir com eles.
Quão decisivo poderá tornar-se este processo?
Na 3DHR, já trabalhamos com realidade virtual há 5 anos. Recentemente, estivemos presentes na Concreta 2019, a convite da Exponor, para dar a conhecer esta tecnologia ao setor da arquitetura e às empresas de construção. Pudemos verificar a excelente receptividade e interesse por parte de diversas empresas e visitantes. Foi, sem dúvida, um excelente barómetro da relevância e impacto desta tecnologia.
Destacamos aqui alguns dos feedbacks que obtivemos durante a feira:
- “É uma ótima maneira de apresentar o meu trabalho, fazendo com que o cliente se sinta dentro dos projetos”;
- ”Uma excelente forma de aumentar a captação de clientes”;
- “Assim ninguém tem dúvidas de como vai ficar!”.
A relevância desta acção levou-nos a ser convidados pela revista Gestão Empresarial para falarmos um pouco sobre nós.
Pode também ver por si próprio, e dar-nos o seu feedback, na apresentação que vamos fazer nas instalações da Archilike, no dia 27 de fevereiro!
O crescimento da realidade virtual
Um dos princípios da RV é proporcionar cada vez mais sensações reais e credíveis. Existe um crescente número de plataformas a desenvolver conteúdos para que os clientes tenham a sensação de estar imersos nos seus projetos digitais. Essa perceção é transmitida, principalmente, por meio da integração dos softwares com dispositivos já existentes no mercado.
A Google por exemplo, tem vindo a investir muito na área da realidade virtual/realidade aumentada e já conta com diversos produtos que ajudam a expandir este universo de simulação.
No setor da arquitetura e construção, os principais desenvolvimentos dizem respeito à forma de interação do utilizador com o espaço. Já é possível andar pelo projeto, aplicar diversos revestimentos e acabamentos, fazer diversos estudos, de forma instantânea, de várias soluções, ou até mesmo verificar a forma como a luz natural ou artificial vai atuar no projeto final. Esses são grandes atrativos na hora de apresentar o projeto ao cliente e validar o mesmo.
Supervisionar diversos projetos ao mesmo tempo
Vejamos um exemplo concreto e contextualizado. A rede de cafés Starbucks iniciou um projeto ambicioso, porém simples, de aplicação de realidade virtual na rotina de um arquiteto. O projeto diz respeito às suas mais de 1200 lojas no Japão: o plano era utilizar um projeto arquitetónico padronizado, de acordo com as referências principais da marca; porém, cada unidade teria um toque de design exclusivo e pessoal. Para isso, foi criado um escritório, que reúne uma equipa de arquitetos responsáveis pelas lojas em todo o país. Eles visualizam os projetos por meio de recursos de realidade virtual, e não têm necessidade de se deslocar até às cidades sempre que vão realizar alguma alteração ou sugerir novidades. Verificar um detalhe é algo que pode ser feito em segundos e sem sair do escritório! Esta é uma vantagem enorme, principalmente quando existem muitos projetos em andamento e a agenda está apertada. Podem, assim, propor mudanças e alterações com antecedência e prever erros antes da instalação e aplicação dos materiais.
O futuro da realidade virtual
É muito difícil falar sobre realidade virtual sem pensar como será o seu futuro. Afinal, estamos a falar de uma área que recebe investimentos multimilionários e em que as expectativas são altas para os próximos anos.
Vejamos o caso do Facebook, que comprou a empresa por trás do Oculus Rift, por 2 mil milhões de dólares, uma das empresas pioneiras a desenvolver realidade virtual, e que este ano já vai começar a disponibilizar o acesso de realidade virtual à sua plataforma.
Outro exemplo na arquitetura é o caso da empresa visionária Kieran Timberlake. Com sede nos Estados Unidos, os arquitetos firmaram parceria com a NASA e outros institutos de inteligência artificial americanos, para criar uma cidade operária virtual em Marte. O projeto, que está em curso desde o início dos anos 2000, tem como principal objetivo desenvolver e simular uma cidade, levando em conta os problemas reais que ainda impedem uma possível colonização humana do planeta: por exemplo, como será gerada a energia, qual é a melhor forma de construir os edifícios ou como interagir com a natureza local.
Neste momento, podemos afirmar que a realidade virtual é já um futuro presente para todos nós!
Biografia do autor:
Ivo Garcia é arquiteto e possui uma pós-graduação em arquitectura digital. Atual mentor da Chaos Group para V-ray, é fundador da empresa 3DHR, especializada em 3D e RV. Divide o seu tempo entre a investigação, o desenvolvimento e a docência.